terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Minhas colegas de classe no Reino Unido, muculmanas e aparentente felizes


Era uma escola de ingles destinada a imigrantes, com a proposta de ensinar ingles e  a preparacao para o mercado de trabalho; atuando desde a reflexao  de habilidades e desejos  dos estudantes, ate a elaboracao de curriculos e preparacao dos mesmos  para entrevistas. Eram 4 meses de aulas diarias, financiadas pelo governo, com direito a mais 4 meses se comprovasse a necessidade. Os alunos eram inseridos separadamente para as classes, nao havendo um final de turma comum para todos. Havia somente um teste anterior ao inicio das aulas para definir em que nivel de ingles  o aluno se encontrava.
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Haviam geralmente uns 15 alunos, de diversas nacionalidades, predominando imigrantes de origem asiatica e africana, e com alguns poucos do leste europeu e america central (Jamaica e Republica Dominicana). Em 8 meses de curso (frequentei 2  niveis) nunca encontrei nenhum brasileiro .

No  meu primeiro dia  de aula, percebi que na minha classe havia um grupinho de mulheres muculmanas  bem  entrosadas entre si, e senti uma grande curiosidade de conhece-las e tambem às suas realidades.O que me surpreeedeu em primeiro plano era  a animacao e alegria delas, que destoava da minha visao de mulheres muculmanas de forma geral, tao violadas em seus direitos. Apesar de a classe ser  nivel 2, o que fazia com que ja fosse possivel nos comunicarmos em ingles entre os colegas, me decepcionei um pouco ao perceber que, fora dos momentos de aula, elas costumavam conversar em sua lingua nativa, o que me excluia da possibilidade de participar das conversas.

Depois de alguns dias, consegui comecar a interagir  me com elas, especialmente pela curiosidade  das mesmas em saber de um pais tao longuinquo e “diferente” como o Brasil.

Todas elas tinham muito filhos, nunca haviam trabalhado na vida, e viviam ha muitos anos na Inglaterra, algumas desde criancas.Todas recebiam beneficios do governo para o sustento de seus filhos e tambem para o aluguel de suas casas.Nao gostavam muito de falar do “trabalho” de seus maridos alias,  nao era um assunto muito popular, pelo menos na minha frente, nem a mencao dos referidos maridos, apesar de todas, sem excessao, serem casadas.Adoravam trocar dicas e cuidados com os filhos, assim como receitas e amenidades.

Havia Jamila, a mais aberta e falante de todas, uma  morena faceira, coberta de roupas e lencos  de cores bonitas, bordados com muito bom gosto,que com seus  26 anos  apenas, ja possuia   4 filhos. Havia Rina  que  com seus 7 filhos, costumava  vestir se  toda de preto, gostava de ler o alcorao em qualquer momento que tivesse, e aparentava mais  do que seus apenas  37 anos, porem  seu olhar iluminava se quando  comecava a descrever com orgulho,sobre o  estudo de  seus  filhos, e das gracinhas de seu  filho mais novo, de apenas  dois anos.

Aquele grupo de mulheres se formaram juntas, depois de 2 meses de minha chegada  e, a companhia delas me fez confirmar o dito popular de que  felicidade depende mais da pessoa do que das circusntancias em que se encontram, e que nao existem culturas felizes ou infelizes, e sim pessoas  que, apesar de possuirem os mesmos usos e costumes, possuem  maneiras diferentes de encarar a propria vida.

Ligia Kaysel


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Guerra civil no Rio de Janeiro:(sem acentuacao)

Sinto um aperto forte no peito quando leio pela  internet as noticias da verdadeira guerrra civil que  esta assolando as falevas do Rio de Janeiro.

E engracado pois, pelas noticias  divulgadas nos  grandes jornais brasileiros,e como se de repente a policia corrupta e bandida  brasileira, tivesse se transformado em heroina, imaculada, e tivesse descoberto neste momento  o sofrimento das comunidades nas favelas.

 E como se  a falta do poder estatal , frente as necessidades basicas destas comunidades, nao tivesse muitas vezes sido suprido pela “ajuda” do poder do trafico, e estas  comunidades, sofridas comunidades, nao tivessem nenhum vinculo com os traficantes.

E como se a organizacao do trafico de drogas fosse composta por estranhos as suas comunidades, como se o  “trafico” nao empregasse , muitas vezes por pura necessidade, seus maridos, filhos, sobrinhos e companheiros,  em seus quadros de “funcionarios”.

Conforme a revista eletronica www.vivafavela.com.br  descreve “Militantes da Rede contra Violência estiveram ontem, 1º de dezembro, na Vila Cruzeiro, e puderam recolher diversas denúncias de violações dos direitos humanos por parte das forças de segurança estatais (polícia e forças armadas) que ocuparam recentemente a localidade

Em um outro artigo da mesma revista eletronica, ha uma clara descricao do que hoje acontece no Brasil, nao so no Rio de Janeiro, mas em todas as grandes cidades brasileiras de forma geral “A questão é muito mais complexa do que uma briga de vilão e herói (traficante contra policial, ou Estado contra tráfico). O tráfico de drogas não pode ser pensado como um poder paralelo, pois a criminalidade faz parte do sistema social que vivemos. Com o tráfico muitos "ganham": os playboys, artistas e universitários viciados que saciam sua sede por drogas, a polícia corrupta que ganha dinheiro com o "arrego" dos traficantes, os comerciantes do tráfico que lucram com a venda do tóxico, os traficantes de armas que ganham rios de dineheiro a cada "bala perdida ou achada", os políticos corruptos que estão envolvidos até os ossos com a violência, e também o sistema capitalista como um todo, pois para ele é muito mais interessante desviar os pobres para a criminalidade egoísta do que engajá-los na luta política para mudar o sistema social injusto e desigual que vivemos www.vivafavela.com.br.”.

E  este sistema injusto e desigual brasileiro, (a desigualdade  social no Brasil e uma das maiores do mundo), tem gerado  uma  violencia que esta se enrraigando  e se banalizando  em toda a sociedade brasileira nas grandes cidades. Ha um desejo das classes dominantes de verem suas ruas “limpas” de pobres, de que todos os “bandidos” sejam “eliminados”, de considerarem  a "tortura" proferida pelos policiais , como um  mal necessario.
Por outro lado ha  tb um desejo  dos cidadaos privados de quase todos os seus direitos ,  de  vingarem se  das classes dominantes atraves da violencia e crimes.

Onde tudo isso vai  parar?

 Ligia Kaysel.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Minha dificuldade em encontrar um novo flat em Londres:( sem acentuacao)


Minha missao era quase impossivel. Eu  pretendia encontrar um studio flat onde morassemos somente eu e meu marido, pagando a mesma coisa  que pagavamos compartilhando nosso flat com mais duas pessoas, num bairro  mais central.

Portanto, haviam diversos obstaculos a serem superados  .

O primeiro era a questao da minha  dificuldade de comunicacao  em ingles por telefone com diversos corretores de imoveis, para explicar exatamente o que eu desejava.

O segundo era a questao de que recebiamos na epoca, um subsidio do governo ingles para  nos ajudar no pagamento do nosso aluguel.Somente consegue este beneficio governamental, quem consegue provar que nao possue meios suficientes para pagar o aluguel de uma moradia com conforto. Infelizmente, a possibilidade de que cidadaos nesta situacao nao cuidem adequadamente do imovel e que criem problemas com a vizinhanca e muito maior, desta forma, proprietarios de diversos imoveis nao os  alugam para pessoas que recebem este beneficio.

 O 3* obstaculo era o fato de  eu ter que procurar um flat numa cidade grande como Londres  sem carro. Eu nao sei como a psicologia tipifica  as pessoas que possuem problemas de localizacao e direcao, mas eu definitivamente tenho este problema. Entao, era raro eu conseguir  visitar mais de um flat  no mesmo dia, pois o tempo que  eu perdia  me locomovendo em transportes publicos, somado ao tempo em que eu perdia  “me perdendo para achar  o flat  que eu pretendia visita "  era consideravel.

Tinha ainda a questao de que eu nao podia ser muito exigente em relacao a minha nova moradia, devido ao preco e ao subsidio que recebia, mas certos lugares  eram completamente impossiveis de se morar.

Lembro me de um flat que fui visitar com um detalhe, no minimo, muito estranho.O chuveiro do banheiro localizava-se dentro da cozinha. Ja imaginaram  alguem tomando banho enquando seu parceiro frita batatas  ao seu lado, por exemplo?

Enfim, encontrei meu atual flat.  Nao era exatamente uma beleza, mas tinha  “potencial”

Tinha estacao de metro perto, estava dentro de um condominio bonito, e o studio era bem iluminado e espacoso, mas por dentro estava um “caos”.  Negociei com o corretor de imoveis tudo o que era possivel  trocar e fazer para melhora-lo(pintar, trocar o carpete e nos desfazer de alguns horrorosos moveis).

A imobiliaria cumpriu com todo o prometido antes da entrega do imovel porem, nao negociei a limpeza  basica do imovel  porque achei  que era muito  “obvio“. Mas nao era.

Quanto entramos no nosso flat a sujeria era “inimaginavel”. Tenho certeza que eu  e meu marido , nunca fizemos  tanta limpeza num lugar.

Mas tudo bem, hoje ele e super “fofo”, apesar de ainda desejarmos retornar ao nosso antigo bairro.

Ligia Kaysel


domingo, 12 de dezembro de 2010

Chico: Imigrantes ilegais no Reino Unido( sem acentuacao)


Chico e um amigo nosso  aqui de Londres. Ele  compartilha sua residencia  com  diversas pessoas  que como ele, vivem sozinhas neste pais com o objetivo de sustentar  suas  familias  em seus paises de origem. Todos vivem “literalmente” para trabalhar, sem direito  ferias,  finais de semana ou feriados.

 No  Brasil  Chico era pedreiro, mas aqui ele  faz de tudo um pouco, pedreiro,pintor, faxineiro.

Chico vive em Londres ha 5 naos , mas nao sabe  falar ingles.

Desde que expirou seu visto de turista (com duracao de 6 meses) ele esta ilegalmente aqui no pais. Sua vida resume se em trabalhar, assistir TV brasileira, conversar  pessoalmente com  seus  companheiros de flat e por internet com seus familiares brasileiros. Ele nao conhece quase nenhum ponto turistico aqui de Londres, pois todo o dinheiro que recebe e remetido para sua familia no Brasil.

Por ser ilegal no pais (e ter medo de ter  identidade europeia falsificada pois tem um amigo que ficou 7  meses preso aqui porque foi pego com um deste documento) ele nao pode ter conta bancaria,nem tampouco ser registrado em um emprego formal. Esta sua informalidade porem, ja lhe causou muitos problemas pois, sabendo de sua  situacao no pais, muitos empregadores  se aproveitaram para lhe pagar menos do que o  que foi combinado.

Chico sonha com o dia de voltar ao Brasil, mas tem consciencia que com o salario de pedreiro no Brasil ele nunca podera dar o conforto que sua familia hoje possue, e por isso como ele diz “vai deixando a vida passar”.

Ha diversos “Chicos” residindo em Londres e no resto da europa, provenientes nao so do Brasil, mas tambem de paises da Africa e da Asia.

Li em uma pesquisa recentemente que, em algumas nacoes africanas o PIB nacional podera baixar se  a remessa de dinherio de parentes que residem na europa acabar.

E os governos europeus estao cada vez mais   duros com  os  “ilegais”.........


Ligia Kaysel