sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma historia de amor entre pais e filhos:


O ano era 2006, meus dois filhos residiam em Londres e não cansavam se de  nos  relatar  o quão boa, importante e divertida  estava sendo aquela experiência para eles.

Em 2007 fui  passar as férias na cidade da rainha, e foram férias mágicas e maravilhosas.

De volta ao Brasil, devido a alguns problemas, somado a uma dose de aventura minha e de meu marido, decidimos também mudar nos  para Londres, numa idade em que não é comum  este tipo de aventura, a não ser que seja por  transferência de trabalho ou por  aposentadoria, o que não era  o nosso caso.

Meus dois filhos foram unânimes em nos desencorajar. Temiam  que não nos acostumássemos  pois não teríamos moradia confortável como tínhamos, nem tampouco um trabalho bem posicionado como  sempre trabalhamos no Brasil.  Temiam que nos arrependêssemos.

 Meu filho mais velho e sua esposa, para o meu pesar, já haviam retornado ao  Brasil  por ocasião  de nossa partida, e o mais novo, que residia com a esposa em Londres,  nos providenciou o aluguel de um lugar  confortável   num bairro  charmoso  no subúrbio da cidade.

No ínicio, meu filho e minha nora nos tratávamos como  se  fossemos  seus filhos, nos dando apoio  e nos ensinando a viver num lugar com costumes e vida tão diferente. Sempre fizemos porém questão de preservar alguns princípios  que entendíamos imprescindiveis para nossas boas relacões e convivência, como o fato de nunca  termos resido na mesma casa, nem tampouco a obrigacão de encontros semanais.

Sem a “obrigacão” de nos encontrarmos em períodos pré combinados porém, passamos bons  momentos  juntos, e  é  sempre divertido  e delicioso quando  nos reunimos.

Com o tempo fomos ficando independentes, e hoje temos uma vida estável e boa. Adoramos viver  aqui.

Mas na próxima segunda feira, meu filho mais novo e minha nora vão voltar a morar no Brasil.  Novamente meus dois filhos estarão vivendo em um país distante do meu, só que desta  vez de maneira invertida.

Estou triste, muito triste. Eu realmente não sei o que, e onde  é  o  melhor para eles, num mundo tão incerto e louco como o que estamos vivendo, só  sei que vou sentir muita falta.

Mas agora toda a nossa família, eu, meu marido, meus filhos e minhas noras já  sabemos que comecar uma nova vida em outro lugar  é sempre emocionante, e que  apegar-se a lugares e coisas  não nos fazem felizes.

Quem sabe onde estaremos  vivendo daqui há alguns anos....

Ligia Kaysel

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Historia recente do Brasil : Movimento sem Terra visto por quem esta fora do Brasil

Semana passada conheci uma  pessoa que trabalha em uma conceituada  ONG inglesa de ajuda humanitária em  diversas partes do mundo.  Foi com  entusiasmo que ela descreveu  me um pouco do trabalho desenvolvido pela  sua organizacão no Brasil, juntamente com o MST-Movimento dos Trabalhadores sem Terra.

Senti-me envergonhada por saber tão pouco de um movimento tão grande no meu pais, apesar de ter trabalhado por tantos  anos na area social. Meus conhecimentos  resumiam-se aos relatos da mídia brasileira, que na maioria das vezes, descreve-o de forma depreciativa.

Chegando em casa senti-me impulsionada  a saber mais sobre o MST, através da internet.

Com os olhos despidos de qualquer preconceito, descobri um movimento brasileiro rico de sabedoria, do qual nós brasileiros devemos  nos orgulhar.

No Yotube, nos vídeos  “MST-Landness Moviment of Brazil-Part-I,II,III”, pude conhecer um pouco de sua história.

Mas o que mais me chamou a atencão nesta minha pesquisa foi  em relacão as escolas do MST.

O texto publicado em  maio de 2005, “Aprendendo nas escolas do MST”-http://www.educacaopublica.rj.gov.br de Maria Lucia Martins descreve:-
“As escolas do MST nasceram da necessidade dos filhos dos militantes - que se autodenominam sem-terrinhas - estarem resguardados quanto à alfabetização e educação. Mas para que essa educação não se perdesse do ideal da luta pela terra, ela foi associada à ideia de construir nessas crianças uma consciência revolucionária. A realidade escolar, vivida nas lonas pretas fincadas no chão de barro, está presente em associações de palavras como lápis e enxada e, principalmente, na noção de que a união sempre trará os sonhos desejados.
Até 2002, as escolas do MST abrigavam cerca de 160.000 alunos e empregavam 4.000 professores”.

No Blog de Altamiro Borges,  de 17.11.10 há uma notícia boa  em relacão a estas escolas ,no ENEM do ano  de 2009:
“Com sua cobertura enviesada e manipuladora, a mídia omite fatos curiosos do Enem. Um deles, que ela nunca divulgaria, é que a Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69”.

Mas depois, leio com pesar, notícia mais atualizada destas escolas: -"Fechamento de escolas do campo é retrocesso", por  dirigente do MST-Luis Felipe Albuquerque em 28 de junho de 2011:
 “De acordo com o Censo Escolar do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, existiam 107.432 escolas em 2002. Em 2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036, significando o fechamento 24.396 estabelecimentos de ensino.
O fechamento das escolas no campo nos remete a olhar com profundidade que o que está em jogo é algo maior, relacionado às disputas de projetos de campo. Os governos têm demonstrado cada vez mais a clara opção pela agricultura de negócio – o agronegócio – que tem em sua lógica de funcionamento pensar num campo sem gente e, por conseguinte, um campo sem cultura e sem escola,um campo onde concentra se  cada vez mais terras e riqueza”.

Conforme os próprios integrantes do movimento  afirmam, o curriculo destas escolas leva em conta mais do que o currículo da escola comum. Junto com os conteúdos pedagógicos tradicionais, sao discutidos temas como democracia, direitos humanos, igualdade social,o poder dos movimentos sociais  e outros assuntos correlatos.

Tenho certeza que  se todas as escolas do país  enfatizassem  estas tão importantes discussões  em seus currículos,  estaríamos construindo um povo  mais questionador, que luta pelos seus direitos, que sabe organizar-se  e movimentar-se no sentido de mudar uma realidade com a qual  nao concorda.

 É lamentável o fato do governo fechar estas escolas por motivos politicos, considerando o quao nosso país esta precisando de educacão formal de qualidade para saber questionar e lutar contra a corrupcão que assola o país em todos os níveis.

Acho que precisamos nos  aprofundar mais sobre a pedagogia de ensino destas escolas, e divulga-las  para propiciar, quem sabe, o movimento  contrário, isto é, com os conteúdos destas escolas sendo disseminados por todas as outras  escolas do país.

Ligia Kaysel

sábado, 13 de agosto de 2011

A revolta dos jovens ingleses:



Muito se discute se  as turbulências nas ruas inglesas provocadas por jovens, foram ou não, puros atos de vandalismo gratuito de jovens mimados se divertindo  a queimar e  saquear lojas, como insiste em  afirmar o governo inglês.

A atitude dos jovens ingleses nas ruas, logicamente nao se caracteriza em um movimento politico organizado, porém isto nao significa que este movimento nao tem nada  a ver com politica.  Se todo este contexto nas ruas de  Londres aconteceu e se dissseminou por todo o Reino Unido, é porque debaixo deste tecido social há muita tensão, muita raiva.

Estes jovens, na sua grande maioria, são compostos por ingleses descendentes de imigrantes, geralmente provindos de países empobrecidos, muitos de ex-colonias britânicas na Africa, Asia e América..

 A grande maioria destes jovens  cresceram  acostumados a usufruir  dos beneficios sociais do estado (escola,  moradia,  saúde, alimentacão).Muitos de seus genitores  fazem parte de uma sociedade apática, sem  sonhos e ambicões, sempre  a viver as custas do Estado.

Todo este contexto é  bem conhecido pela sociedade inglesa, gerando muito preconceito, marginalizando estas sociedades e que, entre outros motivos,  propicia  por parte dos jovens, a formacao de “gangues”.

A populacão  inglesa nativa  não sujeita-se a empregos menos qualificados, o que  sempre fez  com que   a mão de obra    de imigrantes  e descendentes   fosse  bem vinda.  É sabido porém que de forma geral  os  jovens dos “states” (states sao  os conjuntos habitacionais governamentais de Londres) são uma camada   um tanto    excluida   deste mercado de trabalho.

 Com o surgimento da comunidade européia, passaram a imigrar para o Reino Unido   pessoas provenientes do  leste europeu (Polonia, Lituania, Republica Theca e outros), dispostas a trabalhar por salários menores, muito mais bem vinda  portanto, para trabalhar nos postos de  trabalho  antes  preeenchidos por   imigrantes mais antigos no  Reino Unido e seus descendentes.

Todo este quadro, somado a recessão econômica  inglesa, que gerou há mais de dois meses o inicio dos cortes dos beneficios sociais acima descritos, e ainda pela xenofobia típica dos momentos de crise, (os ingleses nativos culpando os imigrantes e seus descendentes por todos os problemas do  seu país),  transformou  os jovens do Reino Unido num barril de pólvora pronto a explodir.

E explodiu!!!!!!!!!

Ligia Kaysel

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O poder dos mais fortes: A ditadura invisivel das multinacionais e a subserviencia dos paises em desenvolvimento(acentuacao deficiente).


A  ditadura invisivel das empresas  multinacionais e  a  subserviência  dos países  em desenvolvimento é uma realidade  na atual ordem economica mundial, porém é urgente  uma mudanca neste quadro.

Para explicar melhor, pode-se citar o exemplo das multinacionais  dos Estados Unidos e da europa  fazerem uso da mão de obra  barata dos países em desenvolvimento, estabelecendo filiais nestes  países, visto que trabalhadores europeus e americanos possuem mais expendiosos salários.

Ha também o fato de empresas de diversos países em desenvolvimento exportarem seus  produtos  a precos mais acessíveis para a europa  e Estados Unidos do que  praticam em seu comércio interno  pois desta forma seus lucros serao maiores. Portanto podemos encontrar  nos supermercados   europeus e americanos  produtos  alimentícios  baratos, de excelente qualidade que sao plantados, criados e/ou manipulados em países africanos, latino americanos ou asiatícos. Roupas de excelente qualidade e preco que sao   vendidas  nestes países são fabricadas   na Asia.  Os atendentes de Call Center do Reino Unido estão, em grande parte, nos atendendo diretamente de escritórios  na India.

Estas práticas  resultam numa  maior facilidade  do poder de compra de consumidores europeus  e americanos em comparacão aos  consumidores dos  paises  mais empobrecidos.

 A instalacao de multinacionais e consequente aumento da mão de obra, mesmo que barata porém,  é   bem vinda  nos  países em desenvolvimento. Estas empresas acabam por ter um enorme poder sobre as decisões dos países em que são sediadas. Seus governos ficam a mercê de seu poderio economico, criando incentivos fiscais e  tudo o mais que estiver ao seu alcance,   frente a  possibilidade  de geracão direta e indireta de empregos  e consequente giro da economia  para   seus países. Porém, grande parte do lucro obtido por estas empresas é enviado para a matriz.

O  estudo chamado Hipotecando o Futuro: como acordos comerciais e de investimentos entre países ricos e pobres minam o desenvolvimento, divulgado no ano passado pela Oxfam  (organizacão  nao governamental), constata “que 25 países pobres já entraram pelo cano e mais de 100 estão negociando tratados lesivos a si próprios, conduzidos ao matadouro seja por chantagem ou truculência da parte dos países poderosos, seja pela anuência pura e simples das administrações nacionais coniventes.”
O estudo Hipotecando o Futuro mostra  ainda que “empresas multinacionais têm de 70% a 80% de participação acionária nas cinco principais redes de supermercados que operam na América Latina, e que respondem por 65% do total de vendas em supermercados na região. Estas redes gigantes revendem muitos produtos importados, e quando recorrem à produção local o fazem impondo o fornecimento de grandes quantidades e padronizações que favorecem, por exemplo, o latifúndio, em detrimento da produção agrícola camponesa e regional “ .

Mas está prevendo se  uma  uma nova  recessão mundial,  devido a dificuldade americana de pagar seus credores. A curto prazo  esta é uma  péssima noticia para o mundo e  para os paises em desenvolvimento, mas  pode ser, a longo prazo, uma oportunidade  mesmo que penosa a nível mundial, para que paises mais empobrecidos possam se desenvolver, visto que os poderosos nao vão conseguir intervir tanto  em  suas economias.

Ligia Kaysel

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mark e Mauro:( acentuacao deficiente)


Há alguns meses atras  atendi em meu trabalho um cliente muito especial. Mark fala  fluentemente  o português e o  espanhol , sem nunca ter estudado a lingua portuesa ou espanhola   formalmente ou  ter saido do Reino Unido.

Mark,tem 27 anos, nao trabalha nem tampouco estuda em escola formal, sendo beneficiado por programa governamental  de transferencia de renda por incapacidade  (física ou mental), além do governo subsidiar o hostel onde reside em dormitório individual.
.
Ao pesquisar seu completo histórico de crédito no Reino Unido, percebo que seu penúltimo endereco foi uma casa para pessoas com problemas de saúde mental.

Mark deve ter uma relacão  razoável  com seus genitores pois, forneceu-os  como referências  em sua applicacao de empréstimo, apesar de contar-me que reside há muitos anos sózinho.

Mark contou me também que nao tem muitos gastos pois nao costuma sair com amigos, prefere ficar em seu quarto  na internet.

 Este cliente inglês,  fez me lembrar de um usuario do Programa  para Meninos e Meninas de Rua  em que eu trabalhei  no Brasil entre 2005 e 2008, o  Marcos.

Marcos tinha na época 16  anos, cursou poucos  anos de escola formal, mas escrevia poesias, e como  conseguia expressar-se  com beleza  e sentimento em suas  poesias.

Marcos sofreu muita violência doméstica física na infância e com 13 anos já  estava resididindo nas ruas.  Era solitário e não apreciava a companhia de garotos  e garotas de sua idade.

O trabalho que a Assistência Social realizou para devolve-lo a sua famíia de origem não logrou resultados posistivos e, como a única opcão para garotos com  mais de 12 anos com historico de moradia nas ruas  no Brasil sao os abrigos (antigos orfanatos), foi remetido  para um deles. Como não suportava o convívio social, e  nos abrigos  o adolescente é obrigado a compartilhar  até  mesmo  seu dormitorio, com pelo menos mais 4 ou 5 adolescentes, Marcos  fugia com frequência e  algumas vezes se descontrolava completamente psiquicamente, tornando-se  extremamente agressivo, quebrando pertences do  local, agredindo funcionários  e colegas.

Depois de 3 anos de tentativas de convivência em abrigos,  em 2008 ele já tinha sido diagnosticado como  portador de problemas de saúde mental. Os  especialistas  que o diagnosticaram  porém,  tinham o entendimento de que  o melhor para seu quadro clínico era possuir  uma vida mais próxima  possivel da normalidade, com uma medicacão controlada e constante, mas sem  ter que  residir numa casa para doentes mentais.    Nenhum abrigo do municipio porém, o desejava  mais, especialmente porque quando  ele fugia,  tinha sua medicacão interrompida, o que fazia com que  seus surtos de agressividade continuassem .

O que me faz ligar os dois casos, além da genialidade de ambos (o dom de Mark para linguas estrangeiras e de Marcos para a poesia) é o fato de que é possível que Mark deva ter tido os mesmos problemas comportamentais de Mauro, mas a solucão  goverrnamental encontrada foi  susutentar Mark em suas demandas e hoje, apesar de solitário, é um cidadão com todos os seus direitos   preservados.

Nao sei  como está Mauro três anos  depois, espero que tenham encontrado uma solucão para seu caso. Mas penso  que  é  possível  que  atualmente  Mauro   tenha entrado no sistema penintenciario, devido a ter passado dos 18 anos, e  a  violência com que agia em seus momentos de crise.

As vezes me pego achando  paternalista demais o sistema de subsídios sociais aqui no Reino Unido (e há uma grande discussão a este respeito  atualmente, devido a crise financeira que o país está  atravessando) mas entendo também que é obrigacão do Estado  tratar  cada cidadão como um  ser   único, tratar diferentemente as diferencas.

Ligia Kaysel.



sábado, 18 de junho de 2011

Meus Clientes: Os imigrantes no Reino Unido ( sem acentuacao)

Trabalho numa companhia financeira que faz empréstimos para clientes de baixa renda em Londres.  Esta populacão é composta, na maiorira das vezes, por imigrantes e descendentes de imigrantes que vivem no Reino Unido.

Depois de mais de um ano de trabalho, posso perceber algumas caracteristicas comuns a cada parcela desta populacão.

A maioria dos ingleses de baixa renda  que frequentam minha loja não trabalham, sobrevivem de programas sociais de transferencia de renda governamentais, variando de valor , dependendo do número de filhos,  de alguma  invaliddez temporaria ou  permanente  na família, e da faixa etária dos membros da  mesma.

Poloneses,  pelo contrário, trabalham muito e  muitas  vezes por menos que o salário mínimo estipulado por lei.  Nossa empresa necessita dispor de pelo menos um funcionário polônes por loja (há 18 lojas na minha empresa) pois,    muitos clientes poloneses, e uma grante parte dos mesmos nao consegue se comunicar nem mesmo  através do  ingles básico, apesar de residirem   há muito tempo aqui.

Através de algumas perguntas básicas que  tenho  que formular para conhecer melhor o cliente, posso perceber que os indianos quase nada gastam  com lazer, gastam o mínimo com acomodacões (provavelmente precárias),  e  preocupam se  com cada centavo que  pagarão pelo empréstimo concedido. A India foi colonizada pela Inglaterra, portanto a lingua materna dos indianos é o ingles (e a lingua nativa de cada região da India), mas   quão  difícil  é entender a pronúncia do inglês falado pelos indianos.

Tenho  muitas clientes filipinas, e a maioria delas já chegam  ao  Reino Unido contrada pelos ingleses para o trabalho doméstico. Durante a aplicacão para obtencão do empréstimo, posso perceber que elas não gastam quase nada com elas mesmas, residem na casa dos empregadores, e sustentam boa parte de suas  famílias  em seu país de origem com  seus salários.  Muitas deixam marido e filhos pequenos, para sustenta-los sozinhas  daqui.

Um público que atendo  com quase  exclusividade sao os imigrantes que falam  a lingua portuguesa. Eles são provenientes de diversos países como Brasil, Portugual, Angola, Mocambique, São Tomé Principe e outros.  Normalmente eles tem cidadania portuguesa, ou italiana no caso dos brasileiros.  Com excecao feita aos portugueses, que são mais sisudos, todos os outros tem um bom humor e uma alegria natural. Boa parte dos brasileiros se caracterizam por trabalhar  na informalidade, o que dificulta a  comprovacão de renda tão necessária  para a aprovacao do empréstimo.

Tenho  também uma expressiva clientela composta por mulheres muculmanas, provenientes  ou descendentes de países africanos (a maioria) ou de países a  árabes  (em menor número).  Geralmente elas tem muitos filhos e recebem gordos benefícios governamentais por isso.  Percebo que a  maioria   é  semi  analfabeta e que, se não possuem o inglês como  primeira lingua (a  Inglaterra colonizou muitos países  africanos e alguns  árabes), falam pouco o inglês, apesar de  muitas delas  residirem há muitos anos em Londres.

Há ainda os ciganos. Eles provêm  da Polônia, Albânia e de outros países do leste europeu. Se caracterizam por virem para a aplicacão de empréstimo em grupos, um candidato ao empréstimo  geralmente vem acompanhado da mãe, do tio, do sobrinho, da irmã e  da  criancada de todos eles.

Enfim, atendo diversas nacionalidades, genero e idades diferentes, e todos tem me ensinado muito sobre o ser humano e sobre a vida.

Ligia Kaysel.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

JUSTICA SENDO FEITA EM CAMPINAS-SP.


Entre fevereiro/2005 e maio/2008  tive  a honra de trabalhar como assessora  da Secretaria  Municipal de Assistencia Social de Campinas. Juntamente com técnicos qualificados, contruímos uma rede  composta por ONG’s cujo foco de trabalho eram criancas e adolescentes em situacão de rua e/ou exploracao sexual, tendo a frente a gestão e articulacao do poder publico municipal. Foi uma época muito gratificante pois, apesar das dificuldades em enfrentar tao complexa questao  social, a construcao do programa foi de forma  aberta e democratica, com todos os atores envolvidos.


Semanalmente haviam discussões  com os representantes desta rede  sobre os   atendimentos mais complexos e,  a troca de experiências entre as diferentes equipes levaram a construção de novas estratégias metodológicas para a qualificação do programa. Nossa preocupacao maior era a  construcao da identidade destas criancas e adolescentes, respeitando o tempo, que cada uma leva pra  seu processo de desligamento das ruas e/ou exploracao sexual. Havia uma série de problemáticas a serem vencidas, como a violência doméstica que leva  a maioria dessas criancas e adolescentes para as ruas, a drogadicão que faz parte da realidade dessas meninas e meninos, mas entre avancos e retrocessos, o programa estava avancando a  passos largos.

No  segundo  semestre  de 2007 porém, as coisas comecaram a mudar; as  próximas eleicões municipais aconteceriam no final de  2008, e o governo ja nao estava mais preocupado com a  eficiência do programa e sim, com a  rapidez dos resultados.

Nesta época, eu  era responsável pela coordenacao deste  programa municipal,  e  minha posicao passou a ser muito difícil  pois,   o governo pressionava me  a aceitar  acões higienistas e  policialescas contra  esta populacão, e os  técnicos  que vivenciavam o dia a dia das criancas e adolescentes em processo de desligamento das ruas, me pressionavam por acões mais efetivas que o governo  havia prometido cumprir, e que eu como representante do mesmo, era porta voz.

Conclui  entao que  aquele trabalho ja nao servia  mais para mim.  Me demiti e literalmente mudei de vida, de cidade e de país.

Fazem  3 anos  que moro em Londres. Nestes  3  anos acompanhando a vida politica da minha  cidade, recebi com pesar a noticia da reeleicao do prefeito, do desmanche de muito   do programa, que com muito trabalho havíamos construido, sendo  substituido por  uma politica higienista  e policialesca.

Mas  no final da semana passada  creio  que iniciou-se  uma “limpeza”  justa na administracao municipal da minha cidade. Os motivos sao outros, pois os mesmos que determinaram a “limpeza” da cidade em relacao as criancas  e adolescentes  em situacao de rua,  fizeram “sujeira”  com o dinheiro publico.  Pelo que informam  as noticias da midia, servidores municipais do primeiro escalão do governo municipal  foram   responsaveis por desvios de dinheiro publico de forma grave. O MP fez o seu papel, investigou, e  em  20.05.2011  foram expedidos  mandados de prisão para  diversas  pessoas do alto escalão da prefeitura municipal .

Sei que a nivel nacional , muitas denúncas graves ja foram feitas no passado contra políticos,  mas que no final  tudo   terminou “em pizza”  e que  politicos corruptos  foram até  reeleitos. Mas neste caso tenho fé que justica  será feita.

 Ligia Kaysel

 

sábado, 30 de abril de 2011

O casamento real britânico:



Roberto Shinyashiki, psiquiatra,  palestrante e autor de vários livros de sucesso, conta em um dos seus inumeros livros, uma estoria que  está sempre em minha  mente:

“O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso  la em cima tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para o lado e vê um arbusto com morangos. Ele pega o morango, admira sua beleza e o saboreia.

 Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos”.

Ontem foi o dia do casamento do principe William  aqui no Reino Unido. Este acontecimento social despertou um sentimento de união e de patriotismo numa parte considerável dos  britânicos, que se reuniram em festas, enfeitaram a cidade e suas casas com bandeirinhas, tal como uma final de copa  do mundo. A cerimônia foi muito bonita, como se  tivesse  saído dos livros de estórias infantis, com direito a carruagens, principes, princesas e toda a magia que ouvíamos quando criancas.

 É fato   que o Reino Unido   esta passando por uma fase de  austeridade econômica que está proporcionando dificuldades  financeiras  para parte da sociedade britânica. Porém é sabido  que,  apesar de ainda continuar alta a receita  da família real,   houve,  assim como todos os outros custos governamentais,  cortes .

É fato que os paises árabes e africanos, muitos deles antigas colonias britânicas , estao passando por revoltas populares devido a ditaduras que o proprio Reino Unido ajudou  a construir. E a pobreza  e os fluxos migratórios estão aumentando frente a estas questoes.

Nao podemos achar que nao temos nada a ver com tudo que esta acontecendo no resto do planeta,  visto que fazemos, enquanto humanidade, parte do mesmo sistema.Temos sim que nos indignar frente as injusticas  sociais, e se posicionar , se possível. 

“Mas é preciso  tambem  comer os morangos”.

Ligia Kaysel

quinta-feira, 21 de abril de 2011

As fases de desligamento entre pais e filhos:(acentuação deficiente)

Em maior ou menor grau, todos os pais possuem  dificuldade em “soltar” seus  filhos no  mundo. Sao várias as etapas de desligamento  entre pais e filhos, e conforme nós pais  vamos   nos acostumando com uma fase,  aumenta-se  o grau de dificuldade.

 Este processo inicia-se com  com os filhos  ficando  sozinhos  na casa de amigos, em casa,   no clube. Depois vem  as “baladas”, as namoradas(os) e as viagens com a “galera”. Mas a  mais difícil  das fases é   a saída do filho(a) da casa dos pais, pelo casamento ou pela mudanca de casa, de cidade ou de país.

Eu  tive sorte em relacao a esta  mudanca , visto que meus filhos mudaram-se de casa para residirem no exterior  portanto, se por um lado eu sentia a falta fisica dos mesmos, por outro  eu  me entusiasmava  com  o fato de eles estarem tendo  a oportunidade de viver um mundo tao novo e diferente. Foi no exterior  tambem que os mesmos passaram a conviver com suas atuais esposas, o que me fez sentir grata as mesmas por estarem “cuidando” dos meus filhos  com um toque feminino.

 A saída da casa dos pais talvez seja a mais radical das fases , mas não  a última, pois depois  vem o fato de conviver com o casal (filho e nora ou filha e genro) sem se envolver na vida dos mesmos.

Eu estou na primeira parte desta fase, visto  que  ainda nao  tenho netos, o que creio  que torne  esta fase  bem mais dificil.

A teoria de que  a solucao é simplesmente  sermos amigos  de nossos filhos é uma teoria muito simplista.  Para mim  é facil  ser amiga dos meus filhos sem  aquele sentimento  de que devo  sempre “dar  conselhos”, pois tenho  plena consciência que eles são mais experientes  do que eu em diversos assuntos. Porém as vezes  me magoo, e proporciono um  certo sentimento  de “culpa” aos meus filhos, tipo  aquela cobranca materna  básica:  “ porque voce  demorou tanto para  aparecer”?

Preciso  apreender a ser como os passaros, que cuidam de seus filhotes  enquanto pequenos e frágeis, e depois que os ensina a voar , solta-os pelo mundo, sem  amarras ou cobrancas

Ligia Kayasel


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Berlim: (falta de acentuacao adequada)

 A historia desta cidade sempre me encantou, visto  que  por mais de 40 anos  foi dividida em duas partes  por um muro: a parte ocidental, moderna e desenvolvida e a parte oriental, comunista, pouco desenvolvida e pobre.  Em 1989,  com o fim do comunismo  e consequente queda do muro que as separava,  as duas  Berlins se unificaram, e a historia nos relata  o quão impactante foi esta fusao entre a Berlim ocidental   e  oriental.

Em visita a esta cidade após 22 anos da queda do comunismo, pude constatar que a cidade já está quase sem marcas desta fusão, a nao ser nos locais turísticos mantidos para recontar a historia.

Nos anos noventa  a  Berlim oriental  passou a ser atrativa aos chamados “yuppies” (jovens  profissionais abastados), o que originou  novas construcões   e espacos publicos. Por outro lado, localizamos bairros mais  empobrecidos (para os padrões alemães)  na parte antes considerada ocidental da cidade.

É  interessante tambem constatarmos que berlinenses já adultos (na faixa dos 30 anos),  não sabem nos informar qual parte  da cidade aquele local em que estávamos pertenceu, quão integrada está a cidade atualmente.

De uma forma geral  é uma bonita  e  vibrante  cidade, com  pontos turisticos para todos os gostos, desde shopping centers  ultra  modernos,  até campos de concentracão nazistas, onde  a morte parece estar presente.

A populacão de Berlim porém, me pareceu  muito homogênea fisicamente. A história conta que o desejo maior de Hittler era que  a maioria da populacão  mundial pertencesse a raca ariana.Felizmente isso nao aconteceu, mas acho que ele iria gostar de residir em Berlim atualmente, se  estivesse vivo.

 Ligia Kaysel                                                          


segunda-feira, 21 de março de 2011

A Evolucao espiritual da Humanidade:(sem acentuacao)

Ja li muito sobre  o fato da  futura  evolucao espiritual da humanidade vir  atraves do  sofrimento  de todos os  seres humanos, independente de poder, raca, dinheiro ou crenca,   perante diversas  adversidades  ocorridas ao mesmo  tempo  no planeta.

 Fazendo um paralelo do macro com o micro,  houve um momento em minha vida  em  que ocorreu uma grande adversidade. Este  trágico episódio  me tirou do eixo,  e  apesar do ocorrido ter sido muito dificil de superar, o resultado para mim, enquanto ser humano, foi  bom. Este acontecimento me transformou numa pessoa  diferente, mais centrada, mais livre  e  creio que melhor  do que antes do referido episodio.

A Humanidade  nos ultimos tempos, esta passando por uma avalanche  de questoes  completamente impensáveis há  alguns poucos anos atrás.

Iniciou-se  com a quebra financeira dos Estados Unidos  e  da Europa (potencias que pareciam inabaláveis e completamente estáveis), depois veio a revolucao das redes sociais na internet (a comunicacao entre os povos quebrando barreiras de espaco), as denúncias da rede Wikileaks(a quebra do segredos de Estado),  as  revoltas das populacoes africanas e árabes  frente a ditaduras mundiais   camufladas durante décadas(a forca do povo emergindo);  e  nestes ultimos dias ainda  o terremoto, o tsunami  ( a mae terra mostrando toda a sua forca e poder ) e mais e o vazamento nuclear  no Japao ( a fraqueza de fortalezas nucleares  perante a forca da natureza).

Estes acontecimentos juntos, ,num espaco tão curto de tempo, talvez transforme os  paradigmas das sociedades  organizadas,trazendo mais justica  e seres  humanos mais evoluidos e melhores.

É sabido  que pode-se evoluir espiritualmente atraves do amor ou da dor,talvez nós seres  humanos, enquanto consciência coletiva, optamos por evoluir   através da dor.

Ligia Kaysel

domingo, 6 de março de 2011

Um sentimento de muitos imigrantes:

Trabalho  em uma empresa onde a grande maioria dos clientes sao  imigrantes  de baixa renda.

No atendimento a esta populacao é possivel  conhecer  um pouquinho da realidade de cada um, e aprender muito com  todos.

 Os imigrantes   de baixa renda em Londres, na maioria das vezes, sao  aqueles que possuem passaporte europeu apesar de terem nascidos fora da europa (conseguido atraves da consanguiniedade), ou nascidos em  paises pobres do leste europeu (Polonia, Lituania, Republica Checa e outros).

Podem ser tambem os que viveram em UK   por mais de 5  anos, com visto de estudante ou de trabalho, e passaram  entao a  possuir  cidadania britanica (depois de submeter-se a um teste de conhecimentos e  tradicões  britanicas, somados a custos destes procedimenos, que nos ultimos anos triplicaram  de preco).

Ha  ainda os que   possuem visto de trabalho (visto  este que depende de um empregador requere-lo, o que pode  tornar  o imigrante vulneravel ao seu empregador), de estudante (somente podendo  trabalhar  de 10 a 20 horas por semana) ou na condicao de asilados.

Mas  sinto que há um sentimento muito  comum  em  grande parte  dos imigrantes, em maior ou menor grau, o sentimento de “nao pertencimento” a lugar algum.

O imigrante  saiu de seu país a procura de algo melhor do que vivia. Depois de algum tempo (de meses há  anos, dependendo  da pessoa e de sua realidade)  descobre que pode sobreviver aqui, ganhar mais dinheiro, ter mais seguranca e tranquilidade, mas nao pertencerá nunca a este país, nunca falará inglês como eles, nunca será um deles, por mais que possua um passaporte legalmente reconhecido.

Porem, crê que não se adaptará  mais  completamente  ao  seu pais de origem, apesar de ama-lo. Surge entao  o sentimento de “nao pertencimento “.

É como uma rosa imersa na água: ela vive, cresce, desabrocha  como todas as outras  rosas,  mas nao tem raizes.

Ligia Kaysel


domingo, 27 de fevereiro de 2011

A colonizacao no Brasil , Africa e as desigualdades sociais:

Apesar do Brasil ter sido colonia portuguesa no passado, os  europeus  que chegavam ao Brasil,  depois de meses de dificies viagens maritimas, tinham a  volta ao  seu pais de origem  como algo  impensavel na maioria dos casos.Como resultado,  nós brasileiros  somos uma mistura de descendentes europeus com  indigenas que sobreviveram a colonizacao branca e com ex escravos africanos, transformando nos  na raca brasileira, uma bonita  raca  com diferentes tonalidades de pele, cabelo e tracos.

O mesmo porem nao ocorreu na maioria das colonias europeias  da Africa, porque: 1-Os europeus sentiam se intelectualmente superiores aos africanos.2-A independencia de grande parte dos países africanos se deu depois da segunda guerra mundial, entre os anos de 1950 e 1960, e as colonias portuguesas por volta de 1975.

O resultado foi  que, a  maioria dos paises africanos  ainda conserva sua lingua nativa, passada de pais para filhos,  apesar de nao ser apreendida na escola e, a populacao africana  de forma geral,  tem uma  forte magoa em relacao  ao tratamento dado aos mesmos pelos seus  colonizadores. O  apartheid  tao noticiado na Africa do Sul, acontece  ainda em diversos paises africanos, em maior ou menor grau, e  se difere  da Africa do Sul somente porque la  haviam  leis que discriminavam  brancos e   negros, nos outros paises  africanos estas leis nao existem no papel,  só de fato.

 Este sentimento de “injustica” nos contagia ainda  mais  quando lemos na internet, atraves da “Wikipedia,” por exemplo que:

“A República Democrática do Congo  está entre um dos países com os menores valores de PIB nominal per capita, à frente apenas do Burundi. Porém, o país é considerado o mais rico do mundo em questão de recursos naturais, estima-se que no valor de 24 trilhões de dólares”.

“Angola é o segundo maior produtor de petróleo e exportador de diamantes da África Subsariana. Segundo o Fundo Monetário Internacional, mais de 4 mil milhões de dólares teriam desaparecido do fundo de tesouraria de Angola na década de 2000”.


“Líbia- Depende, basicamente, do sector petrolífero, preenchendo cerca de um quarto do Produto Interno Bruto. Contudo, há uma deficiente distribuição desses rendimentos, sendo que as classes mais baixas chegam a apresentar dificuldades na obtenção de alimentos.”.


“Guiné Equatorial- Desde o fim do século XX, com a exportação de petróleo, a renda per capita tem aumentado espetacularmente, ainda que a riqueza se concentre nas mãos de uma minoria, em sua maior parte propriedade do clã no governo ou de companhias internacionais”.


“Namíbia-É o quarto maior exportador de minerais não-combustíveis da África e o quinto maior produtor de urânio do mundo. Embora o PIB per capita da Namíbia, seja cinco vezes maior do que a média dos países mais pobres da África, a maioria do povo da Namíbia vive na pobreza, principalmente por causa da má distribuição de renda, fazendo com que a maior parte do poder econômico esteja nas mãos da minoria branca.”.


O   Brasil,  apesar de ser mais desenvolvido que os paises da Africa de maneria geral, e da bela raca brasileira citada no início, a questao de desigualdade social  se e assemelha muito  a dos paises africanos.


 Conforme   uma pequena parte do texto encontrado no  Adital-Noticias da America Latiana  e Caribe-de 10/8/2010, entitulado -Desigualdade social no Brasil- escrito por Frei Betto-Escritor e assessor de movimentos sociais:


“Relatório da ONU (Pnud), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Há, sim, melhoras em nosso país. Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres cresceu seis vezes mais rapidamente que a dos 10% mais ricos. A dos ricos cresceu 11,2%; a dos pobres, 72%. No entanto, há 25 anos, de acordo com dados do IPEA, este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional”.


Uma mudanca drastica e mais rapida neste quadro de desigualdades sociais se faz necessaria no Brasil e  na Africa, e acho que talvez o norte da Africa esteja  descobrindo a formula. Creio que seja atraves do povo nas ruas que esta mudanca aconteca, espero  porem que com menos dor  e sangue do que esta passando a populacao da  Libia agora.


Ligia Kaysel

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Libia e os Refugiados Africanos:

As condicoes de extrema pobreza, e/ou de guerras e perseguicoes politicas em diversos países da Africa, fazem com que muitos cidadaos tentem se refugiar  em países da europa.

O fluxo de imigrantes ilegais que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo, geralmente em condições precárias e perigosas, é um dos problemas humanitários mais urgentes a serem resolvidos entre a Europa e a Africa. 

Esta questao seria semlhante a tantas outras no planeta, se nao fosse por um acordo feito entre aUniao Europeia (UE) e a Libia.

 Conforme  artigo publicado na UOL Internacional de 19.02.2011 entitulado “Refugiados do Mediterrâneo”  -“Em 2006, a UE e a Líbia selaram um acordo, segundo o qual as embarcações de refugiados deveriam ser barradas às portas da Europa. Hoje, esse acordo já foi até ampliado e a Líbia detém supostamente 10 mil refugiados em seus acampamentos.
A Itália envia refugiados para a Líbia sem qualquer processo legal. No entanto, a participação da Líbia nessa rejeição dos refugiados não é gratuita: de vez em quando, Kadafi exige 5 bilhões da UE . Caso contrário, ameaça enviar para a Europa, pelo mar, todos os refugiados que mantêm em seu território. De fato, a Líbia já recebeu em torno de 50 bilhões de euros da UE a título de acordos sobre refugiados.”

Nos termos de  um relatorio da Anistia Internacional  publicado em 14.12.10 “Os refugiados e os requerentes de asilo vivem em um limbo legal na Líbia, independente da necessidade de proteção que apresentam. O país não é signatário da Convenção de 1951* e não tem nenhum sistema de asilo. Em novembro de 2010, o governo líbio rejeitou publicamente recomendações para que a Líbia ratificasse a Convenção de 1951 e concordasse com um memorando de entendimento com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), segundo o qual a organização poderia prestar assistência aos refugiados e requerentes de asilo na Líbia”.

Em outra parte do texto “ Tortura e outros abusos contra refugiados, requerentes de asilo e imigrantes são práticas sistemáticas na Líbia. Apesar disso, um "Acordo de Trabalho" mais amplo entre a UE e a Líbia está sendo negociado, inclusive a fim de permitir a "readimissão" à Líbia de cidadãos de "países terceiros" que entram na UE depois de transitar pelo país”. 

Diante deste hediondo dado, anseio ainda mais para  que o povo líbio  saia vencedor em sua luta para derrubar o ditador  Muammar Kaddafi do poder.

*Convenção de 1951-Relativa aos Estatuto dos refugiados.

Ligia Kaysel.                                                          

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A guerra e as criancas:


A semana passada conheci um castelo muito interessante, em  Dover-UK.

Neste castelo os fatos historicos sao contados por funcionarios, por  sons ouvidos  nos  ambientes, e  tambem através de recursos audio visuais  a lazer. Quase nao ha textos  para serem lidos, como na maioria dos museus e castelos.

Atraves destes recursos sao descritos diversas estratégias de guerra usadas pela   Inglaterra neste ponto estrategico de defesa de seu país, em   diferentes épocas, visto que Dover situa-se na divisa entre  o Reino Unido e a Franca( há 34 km. de oceano separando Dover-UK de Calais-FR).

É possivel entao visualizar e caminhar, por exemplo, por túneis subterraneos com diversos canhões  onde se bombardeava o inimigo no mar  sem ser visto; labirintos onde  vizualizava-se  os aposentos do castelo clandestinamente,  e outros criativos recursos  e  armadilhas de guerra.

Talvez por ser um castelo  onde a historia e revelada de forma muito interativa, havia muitas criancas e adolescentes entre os visistantes .

Apesar dos fatos historicos relatados passarem-se entre os seculos XI  e comeco do seculo XX(até a segunda guerra mundial), no final  ha um filme sobre:  Setembro de 2010-A guerra no Afeganistao.

A princípio achei que tinha entendido mal, visto que Setembro de 2010  foi  o ano passado, e o Afeganistao está muito  distante da Inglaterra. Ao apertar o botao para ve-lo porem, me surpreendo com 8 minutos  (em contagem regressiva)  de um filme com uma bela e atual trilha sonora, com diversas imagens dos soldados ingleses lutando no Afeganistao. Todos bonitos, bronzeados, usando possantes armamentos e estratégias . Revoltada nao assisti até o final, (assisti 6 dos 8  minutos previstos) , mas durante o tempo em que assisti,  nao vi  nenhuma morte, nem tampouco imagens  de pessoas feridas.

Espero que o fato de “mergulhar-se” por  aproximadamente  duas horas sobre o mundo das batalhas na defesa da Inglaterra, somados a 8 minutos de “emocionantes aventuras para defender o ocidente contra o terrorismo”, nao tenha influenciado nenhuma crianca ou jovem, a participar de alguma guerra, mas nao tenho muita certeza disso.

Ligia Kaysel