domingo, 30 de janeiro de 2011

Um pouco da saude publica da Inglaterra:( sem acentuacao)

Hoje decidi fazer um exame sanguineo de rotina  que ha meses requeri do  medico do posto de saude do meu novo  bairro.
Residi quase 2 anos numa zona nobre de Londres, onde era possivel ser submetida a este exame no proprio Centro de Saude, onde havia um hospital pequeno e  tudo  era bem individualizado. Mas neste meu novo bairro todos os exames devem ser  colhidos no hospital da regiao.E um bairro muito populoso.
Aqui em UK todas as consultas medicas, exames e internacoes sao gratuitos, sem termos que esperar para  nos consultar . Depois de inscrever-se no posto de saude mais perto de sua residencia, voce marca suas consultas medicas por telefone, para o mesmo dia, ou para dias subsequentes se nao for urgente. Dificilmente voce espera mais de 10 minutos por uma consulta com hora marcada. Minha pouca experiencia com o sistema de saude daqui  me  faz crer que  sua   organizacao  é bem eficiente. Porem ja nao se pode dizer o mesmo dos medicos.
Todos  sao  muito cordiais,  mas as  consultas  de forma  geral sao rapidas e resumem-se ao breve  relato  dos nossos  sintomas e algumas vezes a um rapido exame clinico. E na primeira consulta, o diagnostico pode diferir, mas a medicacao em geral e sempre a mesma, “paracetamol” (um remedio para dor),exceto se voce realmente estiver muito  mal.
Comenta-se aqui  que  para os  medicos de Londres, “paracetamol” serve para todos os males. Se  a questao de saude persiste, ai voce requer uma nova consulta, e uma nova medicacao ou um especialista lhe  sera recomendado.
Voltando porem ao meu exame sanguineo, ao chegar ao hospital do meu novo  bairro  me deparo com um enorme complexo hospitalar, tem ate super mercado e lojas em seu interior.  
A sala indicada para os exames sanguineos é imensa, sou orientada a pegar uma senha  e informada  que minha vez chegara quando  o n*  da minha senha aparecer no visor luminoso. Meu numero e “E75”, no visor estava informando “D97”. Logo percebo que 3 numeros depois do “D”, comeca os numeros com o prefixo “E” (o meu), mas tem 74 numeros na minha frente ainda, concluo  entao que vou passar horas naquela sala, em jejum. Acho que pessoas de pelo menos uns 30 paises diferentes estao representadas naquele  lugar, porem nao ha criancas, deve haver um local proprio para elas.A acomodacao e boa, todas as  pessoas  estao sentadas e  ha uma grande  TV sem som com legenda, no alto da sala.
Depois de menos de uma hora  meu numero aparece no visor. Espanto  me com a rapidez. Quando vou para sala de coleta de sangue percebo o motivo. É outra sala muito grande, com umas  20  pessoas que tiram sangue dos pacientes, todos na mesma hora e juntos, em cadeiras enfileiradas, tudo na maior rapidez. Coletam sangue muito bem,  parece tudo muito organizado e limpo, mas nunca tinha participado de uma coleta de sangue “por atacado” como esta. O resultado sera remetido diretamente para o meu posto de saude.
Considerando que o NHS (nome do sistema de saude daqui)  e o SUS de UK,   acho que esta forma de  coleta de exames e uma maneira eficiente de tratar a todos que precisam, de forma  democratica e eficiente, porem confesso que num primeiro momento  me assustei  com a falta de privacidade para o referido exame.
Ligia Kaysel.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

D. Maria morava em uma casa em “area de risco de desabamento no Brasil"(Direito a moradia)

D. Maria morava sozinha com seus 3 filhos: Daniel-8, David-4  e Deise-3, desde que seu marido desapareceu de casa por ocasiao do nascimento de Deise.

Sua casa tinha sido construida com  recursos  do casal,  logo que comecaram a viver juntos.

Com  desaparecimento repentino do mesmo, sem  dinheiro e sem ter como sustentar os filhos, recorreu a programas  sociais do governo, conseguindo entao  algum dinheiro para as despesas mais urgentes e, a  matricula de  seus  filhos  mais novos na creche municipal durante o dia, o que   permitia com que D . Maria  pudesse trabalhar.

Daniel estudava na escola municipal perto de sua casa no periodo da manha,almocava na escola, e permanecia na casa de D. Clarice, sua vizinha e amiga,  no periodo da tarde, visto ser muito jovem para ficar sozinho em casa. Quando  seus filhos adoeciam, D. Maria tinha o apoio da vizinhanca, alem de um bom Posto de Saude .

Porem um dia a defesa Civil do Municipio foi ate a casa de D. Maria  avisa-la que sua casa  estava condenada a desabar, pois situava-se  em uma regiao de “risco”. Informaram a entao que ela e seu filhos deveriam  mudarem  se de residencia  o mais rapidamente possivel. D. Maria argumentou que nao tinha para onde ir e a Defesa Civil Municipal prometeu entao  providenciar um local para D. Maria mudar-se com seus filhos.

Passados  dois anos  a prefeitura informou a D. Maria que  havia  arrumado uma casa para todos mudarem-se.

A alegria de D. Maria durou pouco, quando descobriu que esta nova casa era do outro lado da cidade, num bairro sem posto de saude,  longe de toda a sua rede de apoio e emprego.

D. Maria foi  tambem informada que a creche mais proxima era distante  de sua possivel residencia, e que nao possuia vagas nos proximos 12 meses, era preciso permanecer em uma lista de espera. Escola para Daniel somente  no proximo ano. E como D. Maria iria  trabalhar sem ter com quem deixar seus filhos?E como eles sobreviveriam sem o trabalho de D. Maria?  D . Maria  entao  negou-se a sair de sua casa com seus filhos.

 A Defesa Civil ameacou “retirar” as criancas  de D. Maria, visto que, ao residirem    naquela casa, estavam  todos em risco de morte. D. Maria recorreu  entao ao Conselho Tutelar  de sua regiao, que “comprou a briga “ da mesma por uma moradia mais perto da sua casa,  ou uma indenizacao justa para que ela pudesse adquirir uma casa num lugar mais adequado para a mesma e seus filhos.

Mas na semana passada houve um enorme deslizamento de terras, apos uma tempestade  na regiao de moradia de D. Maria e nao deu tempo para esta historia terminar pois, morreram soterrados D. Maria ,Daniel  David e Deise.

Conforme comentario do Blog  http://assessoriajuridicopopular.blogspot.com, no Rio de Janeiro  na semana de 17 a 21 de janeiro/2011  foi  divulgado o  "Manifesto contra a ditadura aos pobres na cidade do Rio de Janeiro", assinada pelo Conselho Popular, Pastoral de Favelas, MUCA, Pela Moradia, FIST e associações de moradores das comunidades atingidas.


Neste manifesto ha  diversas reivindicações, e uma das principais ao meu ver é:  "moradia no centro para famílias com renda de zero a três salários mínimos e/ou  entendimentos honestos e democráticos propiciando condições de morar no mesmo bairro ou indenizações prévias e justas”.
Nada mais justo para que historias como a D. Maria, tao reais no Brasil , nao se repitam .
Ligia Kaysel


domingo, 23 de janeiro de 2011

O meu trabalho com idosos:

Depois de poucos meses me candidatando a um  emprego  na area social, ja  fui chamada para trabalhar num abrigo de idosos, perto da minha casa, aqui em Londres.
Eu estava radiante de felicidade. Era um abrigo para 17 idosos, todos com algum grau de “demencia”, numa casa super bonita, com dormitorios individuais bem decorados, e um banheiro para cada dois quartos.Eu seria monitora, cuidaria, junto com uma equipe, dos idosos no periodo da tarde.
Ja no primeiro dia percebi que o lugar era lindo, os idosos doces e amorosos (apesar de estarem meio fora da realidade devido a demencia, era so “mergulhar” na fantasia deles, que o papo “rolava solto”),mas o tratamento dado aos mesmos pelas  “minhas colegas” nao era dos melhores.
Os idosos nao tinham nenhum tipo de atividade, passavam o dia todo sentados  numa sala grande, com uma TV sempre ligada. A  comunicacao dos mesmos com os funcionarios da casa era  sempre  de forma rapida e sem a atencao necessaria. Os que tinham dificuldades de locomocao para a sala de refeicoes ou para ir ao banheiro, eram  realmente desrespeitados. Percebi tambem que, o fato de eu conversar  e me dedicar aos  ususarios   nao  era “bem visto” pelas  funcionarias.
O fator “higiene”era um caso a parte. A sala onde os idosos permaneciam literalmente  nao cheirava muito bem. Os idosos de forma geral nao era  mal cheirosos, imaginei entao que, como  eu trabalhava no periodo da tarde, era no periodo da manha (nao todos os dias, mas algumas vezes por semana) que eles tomavam banho, mas logo fiquei sabendo que somente  tomavam banho ocasionalmente, a nao ser os  poucos que eram capazes de banharem se  sozinhos

Depois de 4 dias, sem que meus coordenadores  entregasssem me  o contrato de trabalho, resolvi questionar a respeito, mais  para servir como prova dos dias  em que tinha trabalhado, visto que  ja estava  decidida  a nao  continuar  trabalhando naquele lugar.
No final do  5* dia, foi me entregue o referido contrato de trabalho, onde constava que eu estava comecando naquele dia, isto e, 5 dias depois da realidade. Meu coordenador tambem explicou me que, o pagamento  mensal era de ¾ do salario e que ¼ do salario mensal era retido  durante 12 meses, e depois devolvido para os funcionarios.
Conversando com minhas colegas sobre aquele tao horrendo metodo de pagamento, elas relataram me  que sentiam se muito indignadas com aquela situacao. Comecei  entao a  entender algumas coisas: Ja tinha percebido que todas as funcionarias eram de diversas  nacionalidades africanas ou arabes, nenhuma era europeia, o que podia explicar talvez o fato de elas estarem suportando trabalhar naquelas condicoes,  pois talvez tivessem problemas com o visto de permanencia no pais.   Conclui  tambem que a raiva delas  com as condicoes de trabalho estavavam  sendo transferida para os idosos.
Eu tinha  cidadania europeia  porem residia ha poucos meses em Londres, era meu primeiro emprego,  sem curriculo nem referencia no pais, e sem um bom ingles, o que me tornava uma possivel  “presa” facil para este tipo de empregador.
Demiti me naquele  dia.
Os 5 dias de trabalho  nunca recebi, e nao eu  tinha como provar que trabalhei, pois nao havia nada escrito  somente  o testemunho de  minhas colegas  que ainda trabalhavam no local, ou dos idosos com demencia.
Descobri como poderia denunciar, nao so a questao trabalhista imposta àquelas funcionarias mas principalmente  as  más condicoes de tratamento a que estavam sendo submetidos aqueles idosos. Desejei muito, muito mesmo  denunciar, mas o fato e que nao denunciei, com medo de ser descriminada num possivel futuro  emprego.
Ligia Kaysel

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O 13* Salario Ingles:


Aqui na Inglaterra nao existe 13* salario, em dezembro recebemos o mesmo salario que recebemos todos os meses, e eu achava isto muito injusto.

Mas hoje recebi um e mail muito inteligente que me mostrou que o brasileiro tambem nao recebe 13* salario, recebe igualzinho ao ingles, o justo.

Eu trabalho numa companhia financeira que empresta dinheiro.Quando temos   que calcular o salario das pessoas, se e semanal (que e o mais comum aqui) o calculo que temos   que fazer e o valor da semana vezes 4.2, e a explicacao e que o ano tem 52 semanas,  e nao 48 (12 meses vezes 4 semanas sao 48).

Em  ofertas de emprego  em Londres o valor  salarial sempre vem de forma  anual ou semanal, nunca mensal.

 Entao o e mail  me  faz perceber o seguinte:

Brasil:(copia do e mail)

“Suponhamos que você ganha R$ 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 8.400,00 por um ano de doze meses.
R$ 700 X 12 = R$ 8.400,00

Em Dezembro, o generoso patrão cristão manda então pagar-lhe o conhecido 13º salário.

R$ 8.400,00 + 13º salário = R$ 9.100,00

R$ 8.400,00 (Salário anual) + R$ 700,00 (13º salário) = R$ 9.100 (Salário anual mais o 13º salário)

Se o trabalhador recebe R$ 700,00 mês e o mês tem quatro semanas, significa que ganha por semana R$ 175,00.

R$ 700,00 (Salário mensal) / 4 (semanas do mês) = R$ 175,00 (Salário semanal)

O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos R$ 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 9.100,00.

R$ 175,00 (Salário semanal) X 52 (número de semanas anuais) = R$ 9.100.00

O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º salário “.

Portanto o 13* brasileiro nao existe, somente que o pagamento do salario  que e diferente , mas voce realmente trabalhou o “13” mes  brasileiro.

Ligia Kaysel

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Nannys"ou "Babás"(Exploracao do trabalho domestico)(sem acentuação)


Luciana trabalha como “nanny” (babá) aqui em Londres. Ela cuida de 2 criancas  e adora  seu  trabalho. Ela tem 24 anos e este trabalho, alem de ser facil pra ela pois  sempre gostou de criancas, lhe proporciona diversas viagens, visto que o casal com os filhos costumam  viajar por toda a europa e sempre a levam junto para  cuidar das criancas. Luciana e formada em Administracao de Empresas no Brasil, veio para Londres ja falando perfeitamnete bem o ingles, e por possuir cidadania  europeia,  nao possui  problema de vistos de entrada  nos diversos paises  onde esta conhecendo com a sua familia empregadora. Ela reside na casa da familia, vai para sua casa somente nos finais de semana, e como seu salario e bom, e ela quase nao tem gastos, esta comprando um bom apartamento  em construcao  em sua cidade natal. A familia de Luciana  no Brasil (proveniente da regiao sudeste) esta radiante, devido a boa sorte da filha.

 No Brasil, especialmente no interior do norte e nordeste do pais (regiao pauperrima), muitas jovens tambem empregam-se de babás na regiao sudeste (eixo Rio/Sao Paulo),com familias de classe media e classe media alta (como a de Luciana). As  familias  dessas garotas sentem se felizes e recompensadas quando suas filhas lhe relatam quao belas e confortaveis  sao as casas  que estao residindo, que  alimentacao boa estao tendo, que lugares bonitos estao conhecendo. Seus salarios tambem geralmente  sao muito bons  em relacao ao nivel de salarios de cidades do interior do nordeste brasileiro, e e sabido que muitas destas meninas mandam quase todo o salario para ajudar no sustento de suas familias  por la.

 Entao   comeco a lembrar-me de  situacoes familiares do meu cotidiano de infancia,  quando uma tia minha gostava de  mandar trazer meninas do interior da Bahia pra trabalhar e morar em sua casa como babás e empregadas, “porque elas eram trabalhadoras, nao ficavam reivindicando direitos, e estavam  sempre  dispostas a trabalhar  a qualquer hora, sem se importarem com noites, fins de semana ou feriados”.(sic). Lembro me tambem do quanto ela sentia se  generosa  por “permitir” que  a noite estas meninas pudessem assistir televisao com  ela  e sua familia (mas no intervalo  dos programas televisivos, se alguem da casa desejasse um copo de agua, eram essas meninas que iriam buscar na cozinha).

Lembro me  ainda da  real  indignacao  de minha tia quando, depois de algum tempo (as vezes anos) a sua “servazinha” desejava ir embora, trabalhar em outro lugar, sem residir na casa dos patroes e com  mais privacidade. Minha tia as considerava umas “ingratas”, e estas meninas,  apesar de desejarem muito ir embora,  sentiam-se cheias de culpa, pois havia sido  minha tia que as  tinha trazido para este  mundo novo, o mundo da cidade grande, que elas gostavam de viver, mas nao naquela situacao, nao naquele trabalho que as escravizava.

Logicamente ha diferencas gritantes entre estas meninas  brasileiras do norte e nordeste do Brasil e garotas como Luciana aqui em Londres.As brasileirinhas vao para estes trabalhos muito novas (algumas com 11 ou 12 anos de idade), epoca da vida em  que deveriam estar estudando, sem prepararem se para uma profissao. Devido a precariedade de sua infancia, e a ignorancia de seus genitores, elas desconhecem serem possuidoras de qualquer direito como cidadãs, o que faz com que situacoes como  as da casa de minha finada tia, acontecam com frequencia .As Nannys de Londres residem em seus trabalhos por  escolha propria e submetem se  a este trabalho temporariamente,  em  um investimento futuro, visto serem instruidas e adultas.

Mas   devem  as “nannys” brasileiras em Londres ficarem  atentas para nao serem  exploradas no trabalho, por mais lucrativo que  este trabalho seja, pois ja ouvi de senhoras inglesas   sobre os “problemas  que as nannys imigrantes podem trazer a seus filhos”, e senti que elas citavam estas profissionais  com  certo  preconceito.

Quanto as garotas do Brasil, ha diversas organizacoes  nao governamentais preocupadas com a referida exploracao do trabalho domestico infanto/juvenil, diversos programas ja foram lancados neste sentido, mas estes programas sao muito dificies de alcancarem seu  publico alvo, pois  estas meninas  nao frequentam escolas, estao sempre dentro das casas, e o pior, nao se acham  violadas em seus direitos, nem elas, nem tampouco suas familias.

Mas o mais interessante de tudo isso e  que a mesma familia de classe media alta  da regiao sudeste, que explora a mao de obra  domestica de  uma menina do nordeste  brasileiro, pode ter sua filha sendo explorada  no trabalho por uma familia  europeia, sem achar nenhuma  similariedade entre as duas situacoes.


Ligia Kaysel

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Morar num barco:( sem acentuacao)


Residir perto do mar sempre foi um sonho meu e de meu marido.Houve uma epoca em que quase  nos mudamos para Ubatuba/SP, mas na ultima hora nao deu certo.

 Entre 2008  e 2009  estavamos morando em Londres, numa regiao linda, perto do rio Tamisa, chamada Kingston-upon-Thames. Costumavamos fazer caminhadas  nas redondezas do rio, e fizemos tambem naquela epoca,  diversos passeios de barco em varias partes do Tamisa.

Entao me veio uma ideia. Por que nao residirmos dentro de um barco no Tamisa, como diversas pessoas  aqui fazem?

Ha diversos barcos estacionados nas margens do rio que sao residencias, as pessoas tem inclusive que pagar o Council Tax (nosso IPTU). Pesquisando a respeito, descobri que  a maioria dos residentes eram proprietarios de seus proprios barcos, mas havia  uma imobiliaria especializada (ou mais de uma talvez) em alugar este tipo de residencia, porem a procura era maior do que a oferta, portanto nao havia barcos residencia disponiveis prontamente, tinhamos que nos inscrever e esperar que vagasse algum com as caracteristicas que desejavamos (para 2 pessoas, pequeno).Estes barcos alugados ja vinham com sistema de aquecimento central, agua, luz e , num preco razoavel, se bem pequenino.

Comecamos a reparar entao, quando passeavamos pelos parques que circundavam o Tamisa, como viviam estas pessoas. Eram geralmente na faixa entre 40 e 60 anos (talvez possuam muitos jovens residindo assim tambem, mas nao  os vimos),possuiam sempre muitas plantas em cima e nas varandas dos barcos, alguns inclusive possuiam um “quintal” isto e, uma pequena parcela de terra na margem do rio, onde eles cercavam e  plantavam hortas e/ou criavam cachorros.Eu via tudo aquilo maravilhada.

Mas ao mesmo tempo, comecamos a perceber que  a noite aqueles lugares, na maioria das vezes, nao eram muito iluminados  e mesmo sendo, eram  sempre cercados por parques , o que poderia  ser  perigoso.

Quando o inverno chegou, percebemos entao o maior incoveniente para nos, o frio que fazia , por mais aquecido que devesse ser la dentro do barco.

Quando a imobiliaria nos contatou sobre o 1* barco nas condicoes em que  desejavamos, nos ja tinhamos mudados de ideia (quer dizer, meu marido muito antes de mim),e ja estavamos procurando um imovel para morarmos sozinhos, mas em terra firme.

Ligia Kaysel.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Minha Escola II: ( sem acentuacao)


Kayla chegou alguns meses depois de mim para nossas aulas, e o que mais me alegrou e que finalmente tinha alguem da minha  media de idade na classe, visto que eu era  quase sempre  a mais velha de todas as turmas.

Ela era  engenheira petrolifera no Iraque, um cargo de prestigio, o que fez com que conhecidos  seus a ajudassem pelo pedido de asilo  para a Inglaterra.

Em primeiro plano, o asilo foi  concedido  somente a sua pessoa, mas seu objetivo era que sua vinda motivasse a concessao de asilo a seu marido e a seus dois filhos adolescentes.Corajosamente entao, a mesma veio residir aqui sozinha, sem falar o ingles com desenvoltura, no alto de seus  50 anos. Deixou um emprego de prestigio em seu país, onde poucas mulheres conseguem alcancar. Kayla tinha opinioes claras  e moderadas sobre  a politica de seu pais e tambem sobre os  paises  ocidentais,conseguia ver o lado bom e o lado ruim de cada um, sem revoltas, ela tinha a serenidade das pessoas experientes, que sabem  exatamente o que querem.

Kayla era uma muculmana muito elegante, e apesar de permanecer pouco a meu lado,  visto que depois de 3  semanas foi  colocada num  outro horario, me marcou como uma mulher de fibra, que eu admirei bastante.

Alguns meses depois a encontei  em um trem metropolitano.Kayla estava vindo de uma audiencia na Corte (justica inglesa) e estava radiante de felicidade pois, a justica  britanica tinha concedido asilo politico a seus  filhos e marido. Agora toda a familia ia se juntar novamente. Teriam que  comecar uma nova vida aqui, sair do luxo que viviam com os altos salarios que ela e seu marido  recebiam no Iraque e  sobreviver  aqui, provavelmente de beneficios do governo no comeco, sem luxos e sem amigos. Mas nada disso importava para ela, tinha certeza que iam ter  mais paz aqui.

Ligia Kaysel

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Para quem vai o lucro de lojas no Reino Unido com nomes de ONGs famosas?( sem acentuacao)

Logo que mudei me  para Londres, sem trabalho e sem dinheiro, descobri com alegria as lojas de produtos usados como roupas, enfeites, livros, discos e ate moveis: as chamadas “Charities”; onde os produtos sao doados pela populacao para serem vendidos e sua renda revertida à entidades filantropicas. Estas lojas levam o nome da entidade que recebe o repasse de verbas.

Ha diversas  “Charities” em toda a Inglaterra. Nos bairros mais ricos, os produtos vendidos nas lojas sao de excelente qualidade e nos bairros mais empobrecidos, os produtos vendidos ja nao sao tao bons.

Como eu residia em um bairro nobre de Londres, eu comprava roupas muito boas a precos irrisorios, e ainda me sentia gratificada por estar ajudando uma entidade beneficiente.

Uns dois meses antes de mudar me  para outro bairro, fui trabalhar como voluntaria uma vez por semana, numa daquelas "charities", para praticar mais meu ingles.

Descobri entao, com certa decepcao, que  estas lojas eram um bom negocio para seus proprietarios.Elas  sao compostas sòmente por funcionarios voluntarios, todas as vendas proveem de doacoes e tudo e reaproveitado. As  roupas e produtos em bom estado (conceito subjetivo) sao colocados a venda no varejo, e os produtos em mal estado de conservacao sao descartados da venda na loja, mas sao vendidos por peso para determinadas organizacoes humanitarias.

Estas lojas possuem  por lei descontos no aluguel, e negociam com as entidades filantropicas que representam, a porcentagem dos lucros que sera repassada. A loja  em que eu trabalhei  repassava 26%  dos lucros obtidos para a ONG que lhe concedia o nome.

 O  proprietario nao possue gastos com funcionarios ou a compra de mercadorias, possui o trabalho somente de organizar a loja, a escala de funcionarios voluntarios (normalmente os mesmos trabalham  1 ou dois periodos por semana), torna-la atrativa para os clientes, e pagar despesas como o aluguel(com desconto), luz , agua e telefone.

O numero de voluntarios que desejam  trabalhar  nestas charities e muito grande, sempre  com o intuito de “ajudar” os necessitados e/ou de contribuir para a construcao de seu  curriculo. Pude constatar este fato pois  so consegui   a vaga  de voluntaria  na 3* loja  em que me candidatei, e quando la estava trabalhando, percebi a quantidade de jovens e idosos(e o publico que mais se candidata) que se oferecia para trabalhar la.

E certo que  nao deixa de ser um bom negocio para as ONG`s  possuirem  a possibilidade de uma renda alternativa que nao venha do governo ou de doacoes diretas, mas se as lojas pertencessem realmente as instituicoes, talvez pudessem lucrar muito mais.

Ligia Kaysel

domingo, 2 de janeiro de 2011

Praga: ( sem acentuacao)

Estou voltando de uma viagem a Praga, capital da Republica Checa, onde fui passar a virada do Ano. Para quem nao se lembra do que aprendeu na escola e nos jornais, este pais foi comunista ate  meados dos anos  de 1990, fechado para  o mundo,sem turistas e   sem  o desenvolvimento das tecnologias que os ocidentais desfrutavam  ate entao.

 O que  eu tambem ja  sabia  e que  atualmente o mesmo faz parte  da comunidade europeia e que,assim como a maioria dos paises do leste europeu, como  Polonia, Lituania e Bulgaria por exemplo, por serem muito pobres, e seus habitantes terem a liberdade de poderem residir em qualquer lugar da europa sem visto de residencia,  e grande  a imigracao   dos mesmos   para paises europeus mais abastados, como  a Inglaterra, por exemplo.

O que eu nao sabia era o quao lindo  era este lugar, que  e  uma das mais ricas regioes  em estilos arquitetonicos da Europa e que, esta riquissima historia arquitetonica, nem guerras nem fenomenos naturais foram capazes de danifica-la.

 O que eu  nao sabia  tambem  e que  com quase dois milhoes e habitantes, sua populacao e obrigada a enfrentar temperaturars extremas como 35 graus positivos durante o verao e menos 20 graus durante o inverno.

O museu do comunismo mostra como este povo sofreu naquela epoca, e o quanto lutou para ter liberdade de escolher o seu governo. O clima, que por ser  inverno nesta epoca do ano, estava em media 20  graus negativos, demonstra  o quanto este povo e resistente e forte, para viver em tao baixas temperaturas uma vida  aparente normal, pois haviam feiras lotadas  nas pracas, muita musica, maravilhosos enfeites natalinos, tudo com muito bom gosto.

 A beleza dos fogos  de artificio da virada do Ano,vindos de  diversos  lugares centrais da cidade, especialmente de um  belissimo  castelo, todo iluminado no alto de uma montanha, mostra  o como este povo  consegue produzir beleza apesar das adversidades.

 E ai me pego pensando  que  as  dificuldades entre as populacoes estao distribuidas  por todo o globo,umas em maior, outras em menor grau,  que nao sao  “previlegios” de paises  como a  Africa, Asia ou Americas. A  questao e, como conviver com elas.


Ligia Kaysel   

sábado, 1 de janeiro de 2011

A historia de Anna:( sem acentuacao)


D Angela, durante muitos anos, geriu a vida de seus filhos e suas familias, visto que os mesmos   trabalhavam nos negocios de sua propriedade. Ela era dona do dinheiro, que sustentava a familia dos filhos atraves dos salarios que recebiam (pequenos salarios) e especialmente  de  suas “gordas” ajudas de custos.  Ana  revoltava se  com esta situacao, apesar de usufruir, cheia de culpa,  das gordas ajudas de custos.

Nos ultimos  tempos porem, a dinamica familiar se alterou, mas a violencia  psicologica da matriarca em relacao aos seus filhos e agregados demorou mais tempo para terminar .

Porem a vida e cheia de surpresas, e muitos anos depois, o filho de Anna  retorna de uma temporada de diversos anos  no exterior,  casado com uma brasileira  filha de pais com excelente situacao financeira. O pai da garota  presenteia o casal , logo na chegada,  com um apartamento mobiliado  e uma recheada conta bancaria para ambos, para as “primeiras necessidades”  . Com pesar, Ana ve semelhancas entre  sua experiencia com a familia de seu marido e a experiencia que seu filho poderia ter, pois sabia  que tudo nesta vida tem seu preco, e que o preco de alguns luxos podem ser muito mais alto do que se imagina a primeira vista.

Mas como tudo acontece na hora certa, na epoca da chegada do seu filho , Ana estava de mudanca para outro pais, o que fez com que pelo menos nao tivesse que presenciar aquela situacao no dia a dia.

 Passados 4 anos, Ana retorna ao Brasil, temerosa em conhecer   “ao vivo e a cores” o cotidiano do  seu filho e sua esposa.

Anna  porem gostou do que encontrou, sentiu no  casal companheirismo e amor , com autonomia e  independencia financeira.


 Talvez suas vivencias pessoais  tenham interferido  na sua maneira  de  ver o casamento  de seu filho. Ou talvez o seu filho, depois de ouvir por tanto tempo a mae falar sobre os problemas gerados por uma familia que depende fianceiramente da outra, esteja tentando fazer diferente.

Ligia Kaysel