Sabe-se que os crimes
cometidos para preservar a honra das famílias
ocorriam no século passado, ou ainda ocorrem em regiões remotas do
planeta. Eu não imaginava porém, a grande incidência deste delito no
Reino Unido, em pleno seculo XXI.
Uma pesquisa elaborada pela BBC TV1
de Londres para o documentário “Panorama” exibido em 19/03/12 constatou
que dois terços dos britânicos de origem asiática ou asiáticos que vivem no
Reino Unido concordam que suas famílias vivam de acordo com o conceito de
honra.
Uma pesquisa da ONG–IKWRO-Organização
dos Direitos da Mulher do Irã e do Kurdiquistão constatou que mais de 2.800
delitos (violência física, mutilações e homicídios) pelo motivo da honra
foram registrados pela polícia do Reino Unido no último ano (2011), isso sem
contar os casos não registrados, que provavelmente são muitos.
“O número de incidentes é significativo,
especialmente quando nós considerarmos o alto nível de violência que as vítimas
sofreram antes de procurar ajuda “,diz Mr. Nazir Afzal, representante do
Ministério Publico de Londres.
Os crimes por razões de honra costumam ser
organizados pelas famílias, sendo as vítimas, na maioria das vezes, a mulher. Os
motivos mais frequentes são:-A recusa de um casamento forçado -A procura
pelo divórcio -Um relacionamento amoroso não aprovado pela familia -Ataque sexual sofrido pela mulher (dupla
violência) –Ser homossexual; e outros.
Um exemplo desta problemática, exibido no
documentário Panorama, foi o de uma jovem
proveniente do Paquistão, prometida como noiva para um britânico de origem asiática
em Londres. Ao chegar para o casamento teve seu passaporte confiscado por seu
noivo e sua família; depois do casamento foi trancada em casa e passou a sofrer
de violência doméstica física. Ao informar ao seu genitor no Paquistão da
violência que ela estava sofrendo, seu
pai pediu para que a mesma não deixasse
seu marido em nome da honra da família. A
jovem suicidou-se.
Entre as tentativas governamentais e não
governamentais de combate a este fenômeno, foram criados os abrigos para
mulheres que sofrem de violência
doméstica pela honra e seus filhos, com apoio socio-psico-jurídico, tudo com o
objetivo das mesmas superarem a violência sofrida e começarem uma nova vida no
Reino Unido. Há porém a dificuldade de se chegar até estas mulheres, visto que
sofrem caladas, afastadas do mundo, trancadas em seu inferno particular, além
da barreira da língua, visto que muitas
delas são proibidas de apreender o inglês.
Talvés seja este um caminho eficiente
para o início de um combate mais efetivo para tão grave questão.
LIGIA KAYSEL