segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mark e Mauro:( acentuacao deficiente)


Há alguns meses atras  atendi em meu trabalho um cliente muito especial. Mark fala  fluentemente  o português e o  espanhol , sem nunca ter estudado a lingua portuesa ou espanhola   formalmente ou  ter saido do Reino Unido.

Mark,tem 27 anos, nao trabalha nem tampouco estuda em escola formal, sendo beneficiado por programa governamental  de transferencia de renda por incapacidade  (física ou mental), além do governo subsidiar o hostel onde reside em dormitório individual.
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Ao pesquisar seu completo histórico de crédito no Reino Unido, percebo que seu penúltimo endereco foi uma casa para pessoas com problemas de saúde mental.

Mark deve ter uma relacão  razoável  com seus genitores pois, forneceu-os  como referências  em sua applicacao de empréstimo, apesar de contar-me que reside há muitos anos sózinho.

Mark contou me também que nao tem muitos gastos pois nao costuma sair com amigos, prefere ficar em seu quarto  na internet.

 Este cliente inglês,  fez me lembrar de um usuario do Programa  para Meninos e Meninas de Rua  em que eu trabalhei  no Brasil entre 2005 e 2008, o  Marcos.

Marcos tinha na época 16  anos, cursou poucos  anos de escola formal, mas escrevia poesias, e como  conseguia expressar-se  com beleza  e sentimento em suas  poesias.

Marcos sofreu muita violência doméstica física na infância e com 13 anos já  estava resididindo nas ruas.  Era solitário e não apreciava a companhia de garotos  e garotas de sua idade.

O trabalho que a Assistência Social realizou para devolve-lo a sua famíia de origem não logrou resultados posistivos e, como a única opcão para garotos com  mais de 12 anos com historico de moradia nas ruas  no Brasil sao os abrigos (antigos orfanatos), foi remetido  para um deles. Como não suportava o convívio social, e  nos abrigos  o adolescente é obrigado a compartilhar  até  mesmo  seu dormitorio, com pelo menos mais 4 ou 5 adolescentes, Marcos  fugia com frequência e  algumas vezes se descontrolava completamente psiquicamente, tornando-se  extremamente agressivo, quebrando pertences do  local, agredindo funcionários  e colegas.

Depois de 3 anos de tentativas de convivência em abrigos,  em 2008 ele já tinha sido diagnosticado como  portador de problemas de saúde mental. Os  especialistas  que o diagnosticaram  porém,  tinham o entendimento de que  o melhor para seu quadro clínico era possuir  uma vida mais próxima  possivel da normalidade, com uma medicacão controlada e constante, mas sem  ter que  residir numa casa para doentes mentais.    Nenhum abrigo do municipio porém, o desejava  mais, especialmente porque quando  ele fugia,  tinha sua medicacão interrompida, o que fazia com que  seus surtos de agressividade continuassem .

O que me faz ligar os dois casos, além da genialidade de ambos (o dom de Mark para linguas estrangeiras e de Marcos para a poesia) é o fato de que é possível que Mark deva ter tido os mesmos problemas comportamentais de Mauro, mas a solucão  goverrnamental encontrada foi  susutentar Mark em suas demandas e hoje, apesar de solitário, é um cidadão com todos os seus direitos   preservados.

Nao sei  como está Mauro três anos  depois, espero que tenham encontrado uma solucão para seu caso. Mas penso  que  é  possível  que  atualmente  Mauro   tenha entrado no sistema penintenciario, devido a ter passado dos 18 anos, e  a  violência com que agia em seus momentos de crise.

As vezes me pego achando  paternalista demais o sistema de subsídios sociais aqui no Reino Unido (e há uma grande discussão a este respeito  atualmente, devido a crise financeira que o país está  atravessando) mas entendo também que é obrigacão do Estado  tratar  cada cidadão como um  ser   único, tratar diferentemente as diferencas.

Ligia Kaysel.



Um comentário:

Ana disse...

Concordo que é papel do Estado cuidar de sua população, afinal, ele não pode servir apenas para quem tem $ ou consegue se inserir no dito mercado de trabalho. O Estado é para todos e que bom que no antigo mundo ele funciona assim. Adorei o post, Ligia, parabéns!! sua sensibilidade fez/faz falta neste país de compadrios..