O ano era 2006, meus dois filhos residiam em Londres e não cansavam se de nos relatar o quão boa, importante e divertida estava sendo aquela experiência para eles.
Em 2007 fui passar as férias na cidade da rainha, e foram férias mágicas e maravilhosas.
De volta ao Brasil, devido a alguns problemas, somado a uma dose de aventura minha e de meu marido, decidimos também mudar nos para Londres, numa idade em que não é comum este tipo de aventura, a não ser que seja por transferência de trabalho ou por aposentadoria, o que não era o nosso caso.
Meus dois filhos foram unânimes em nos desencorajar. Temiam que não nos acostumássemos pois não teríamos moradia confortável como tínhamos, nem tampouco um trabalho bem posicionado como sempre trabalhamos no Brasil. Temiam que nos arrependêssemos.
Meu filho mais velho e sua esposa, para o meu pesar, já haviam retornado ao Brasil por ocasião de nossa partida, e o mais novo, que residia com a esposa em Londres, nos providenciou o aluguel de um lugar confortável num bairro charmoso no subúrbio da cidade.
No ínicio, meu filho e minha nora nos tratávamos como se fossemos seus filhos, nos dando apoio e nos ensinando a viver num lugar com costumes e vida tão diferente. Sempre fizemos porém questão de preservar alguns princípios que entendíamos imprescindiveis para nossas boas relacões e convivência, como o fato de nunca termos resido na mesma casa, nem tampouco a obrigacão de encontros semanais.
Sem a “obrigacão” de nos encontrarmos em períodos pré combinados porém, passamos bons momentos juntos, e é sempre divertido e delicioso quando nos reunimos.
Com o tempo fomos ficando independentes, e hoje temos uma vida estável e boa. Adoramos viver aqui.
Mas na próxima segunda feira, meu filho mais novo e minha nora vão voltar a morar no Brasil. Novamente meus dois filhos estarão vivendo em um país distante do meu, só que desta vez de maneira invertida.
Estou triste, muito triste. Eu realmente não sei o que, e onde é o melhor para eles, num mundo tão incerto e louco como o que estamos vivendo, só sei que vou sentir muita falta.
Mas agora toda a nossa família, eu, meu marido, meus filhos e minhas noras já sabemos que comecar uma nova vida em outro lugar é sempre emocionante, e que apegar-se a lugares e coisas não nos fazem felizes.
Quem sabe onde estaremos vivendo daqui há alguns anos....
Ligia Kaysel