D. Maria morava sozinha com seus 3 filhos: Daniel-8, David-4 e Deise-3, desde que seu marido desapareceu de casa por ocasiao do nascimento de Deise.
Sua casa tinha sido construida com recursos do casal, logo que comecaram a viver juntos.
Com desaparecimento repentino do mesmo, sem dinheiro e sem ter como sustentar os filhos, recorreu a programas sociais do governo, conseguindo entao algum dinheiro para as despesas mais urgentes e, a matricula de seus filhos mais novos na creche municipal durante o dia, o que permitia com que D . Maria pudesse trabalhar.
Daniel estudava na escola municipal perto de sua casa no periodo da manha,almocava na escola, e permanecia na casa de D. Clarice, sua vizinha e amiga, no periodo da tarde, visto ser muito jovem para ficar sozinho em casa. Quando seus filhos adoeciam, D. Maria tinha o apoio da vizinhanca, alem de um bom Posto de Saude .
Porem um dia a defesa Civil do Municipio foi ate a casa de D. Maria avisa-la que sua casa estava condenada a desabar, pois situava-se em uma regiao de “risco”. Informaram a entao que ela e seu filhos deveriam mudarem se de residencia o mais rapidamente possivel. D. Maria argumentou que nao tinha para onde ir e a Defesa Civil Municipal prometeu entao providenciar um local para D. Maria mudar-se com seus filhos.
Passados dois anos a prefeitura informou a D. Maria que havia arrumado uma casa para todos mudarem-se.
A alegria de D. Maria durou pouco, quando descobriu que esta nova casa era do outro lado da cidade, num bairro sem posto de saude, longe de toda a sua rede de apoio e emprego.
D. Maria foi tambem informada que a creche mais proxima era distante de sua possivel residencia, e que nao possuia vagas nos proximos 12 meses, era preciso permanecer em uma lista de espera. Escola para Daniel somente no proximo ano. E como D. Maria iria trabalhar sem ter com quem deixar seus filhos?E como eles sobreviveriam sem o trabalho de D. Maria? D . Maria entao negou-se a sair de sua casa com seus filhos.
A Defesa Civil ameacou “retirar” as criancas de D. Maria, visto que, ao residirem naquela casa, estavam todos em risco de morte. D. Maria recorreu entao ao Conselho Tutelar de sua regiao, que “comprou a briga “ da mesma por uma moradia mais perto da sua casa, ou uma indenizacao justa para que ela pudesse adquirir uma casa num lugar mais adequado para a mesma e seus filhos.
Mas na semana passada houve um enorme deslizamento de terras, apos uma tempestade na regiao de moradia de D. Maria e nao deu tempo para esta historia terminar pois, morreram soterrados D. Maria ,Daniel David e Deise.
Conforme comentario do Blog http://assessoriajuridicopopular.blogspot.com, no Rio de Janeiro na semana de 17 a 21 de janeiro/2011 foi divulgado o "Manifesto contra a ditadura aos pobres na cidade do Rio de Janeiro", assinada pelo Conselho Popular, Pastoral de Favelas, MUCA, Pela Moradia, FIST e associações de moradores das comunidades atingidas.
Neste manifesto ha diversas reivindicações, e uma das principais ao meu ver é: "moradia no centro para famílias com renda de zero a três salários mínimos e/ou entendimentos honestos e democráticos propiciando condições de morar no mesmo bairro ou indenizações prévias e justas”.
Nada mais justo para que historias como a D. Maria, tao reais no Brasil , nao se repitam .
Ligia Kaysel
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