Semana passada conheci uma pessoa que trabalha em uma conceituada ONG inglesa de ajuda humanitária em diversas partes do mundo. Foi com entusiasmo que ela descreveu me um pouco do trabalho desenvolvido pela sua organizacão no Brasil, juntamente com o MST-Movimento dos Trabalhadores sem Terra.
Senti-me envergonhada por saber tão pouco de um movimento tão grande no meu pais, apesar de ter trabalhado por tantos anos na area social. Meus conhecimentos resumiam-se aos relatos da mídia brasileira, que na maioria das vezes, descreve-o de forma depreciativa.
Chegando em casa senti-me impulsionada a saber mais sobre o MST, através da internet.
Com os olhos despidos de qualquer preconceito, descobri um movimento brasileiro rico de sabedoria, do qual nós brasileiros devemos nos orgulhar.
No Yotube, nos vídeos “MST-Landness Moviment of Brazil-Part-I,II,III”, pude conhecer um pouco de sua história.
Mas o que mais me chamou a atencão nesta minha pesquisa foi em relacão as escolas do MST.
O texto publicado em maio de 2005, “Aprendendo nas escolas do MST”-http://www.educacaopublica.rj.gov.br de Maria Lucia Martins descreve:-
“As escolas do MST nasceram da necessidade dos filhos dos militantes - que se autodenominam sem-terrinhas - estarem resguardados quanto à alfabetização e educação. Mas para que essa educação não se perdesse do ideal da luta pela terra, ela foi associada à ideia de construir nessas crianças uma consciência revolucionária. A realidade escolar, vivida nas lonas pretas fincadas no chão de barro, está presente em associações de palavras como lápis e enxada e, principalmente, na noção de que a união sempre trará os sonhos desejados.
Até 2002, as escolas do MST abrigavam cerca de 160.000 alunos e empregavam 4.000 professores”.
No Blog de Altamiro Borges, de 17.11.10 há uma notícia boa em relacão a estas escolas ,no ENEM do ano de 2009:
“Com sua cobertura enviesada e manipuladora, a mídia omite fatos curiosos do Enem. Um deles, que ela nunca divulgaria, é que a Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69”.
Mas depois, leio com pesar, notícia mais atualizada destas escolas: -"Fechamento de escolas do campo é retrocesso", por dirigente do MST-Luis Felipe Albuquerque em 28 de junho de 2011:
“De acordo com o Censo Escolar do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, existiam 107.432 escolas em 2002. Em 2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036, significando o fechamento 24.396 estabelecimentos de ensino.
O fechamento das escolas no campo nos remete a olhar com profundidade que o que está em jogo é algo maior, relacionado às disputas de projetos de campo. Os governos têm demonstrado cada vez mais a clara opção pela agricultura de negócio – o agronegócio – que tem em sua lógica de funcionamento pensar num campo sem gente e, por conseguinte, um campo sem cultura e sem escola,um campo onde concentra se cada vez mais terras e riqueza”.
Conforme os próprios integrantes do movimento afirmam, o curriculo destas escolas leva em conta mais do que o currículo da escola comum. Junto com os conteúdos pedagógicos tradicionais, sao discutidos temas como democracia, direitos humanos, igualdade social,o poder dos movimentos sociais e outros assuntos correlatos.
Tenho certeza que se todas as escolas do país enfatizassem estas tão importantes discussões em seus currículos, estaríamos construindo um povo mais questionador, que luta pelos seus direitos, que sabe organizar-se e movimentar-se no sentido de mudar uma realidade com a qual nao concorda.
É lamentável o fato do governo fechar estas escolas por motivos politicos, considerando o quao nosso país esta precisando de educacão formal de qualidade para saber questionar e lutar contra a corrupcão que assola o país em todos os níveis.
Acho que precisamos nos aprofundar mais sobre a pedagogia de ensino destas escolas, e divulga-las para propiciar, quem sabe, o movimento contrário, isto é, com os conteúdos destas escolas sendo disseminados por todas as outras escolas do país.
Ligia Kaysel
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